quarta-feira, 24 de setembro de 2008

O poeta moribundo

Poetas!amanhã ao meu cadáver
Minha tripa cortai mais sonorosa!...
Façam dela uma corda,e cantem nela
Os amores da vida esperançosa!

Cantem esse verão que me alentava...
O aroma dos currais,o bezerrinho,
As aves que na sombra suspiravam,
e ossapos que cantavam no caminho!

Coração,por que tremes?Se esta lira
Nas minhas mãos sem força desafina,
Enquanto ao cemitério não te levam,
Casa nomarimbau a alma divina!

Eu morro qual nas mãos da cozinheira
O marreco piando na agonia...
Como o cisne de outrora..que gemendo
Entre os hinos de amor se enternecia.

Coração por que tremes?Vejo a morte,
Ali vem lazarenta e desdentada...
Que noiva!...E devo então dormir com ela?...
Se ela ao menos dormisse mascarada!

Qeu ruínas!que amor petrificado!
Tão antediluviado e gigantesco!
Ora,façam idéia que ternuras
Terá essa lagarta posta ao fresco!

Antes mil vezer dormir com ela,
Que dessa fúria o gozo,amor eterno...
Se ali não há também amor de velha,
Dêem-me as caldeiras do terceiro Inferno!

No inferno estão suavíssimas belezas,
Cleópatras,Helenas,Eleonoras;
Lá se namora em boa compainha,
Não pode haver inferno com senhoras!

Se é verdade que os homens gozadores,
Amigos deno vinho ter consolos,
Foram com satanás fazer colônia,
Antes lá que do Céu sofrer os tolos!-

Ora!e fornecem uma lama qual a minha
Que no altar sacrifica ao Deus preguiça
A cantar ladainha eternamente
E por mil anos ajudar a Missa!

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